sábado, 11 de março de 2017

Pompéia

Pompeia

Tema: História Antiga

de Marco Magli
           
Pompeia era uma cidade do Império Romano localizada cerca 20 quilômetros ao sul de Nápoles, uma cidade portuária em desenvolvimento, e também ao sul de seu sepultador, o Monte Vesúvio. Este vulcão, cuja etimologia é ainda discutida, foi responsável por inúmeras erupções, as mais antigas datadas da Idade do Bronze, sempre com magnitudes elevadas, expelindo além de gases e lava, também pedras vulcânicas.

Essa cidade foi fundada entre os séculos VI e VII a.C pelos Oscos, um povo proveniente da região fronteiriça entre a Campânia e o Lácio, porém em toda sua história recebeu influências gregas e fenícias, por conta de sua proximidade ao mar, possíveis de serem observadas em sua arquitetura.

Apenas em 89 a.C Pompeia foi anexada à República Romana, após a ocupação definitiva do general Luicius Cornelius Sula, e a partir de então passou a desenvolver-se infraestruturalmente de forma veloz e tecnológica, com a construção de um fórum, aquedutos, cerca de 25 fontes e banheiros públicos.

Contudo, o dia que destacou Pompéia na história foi 24 de agosto de 79 d.C, embora haja uma discussão quanto à esta data baseada em relatos como o de Plínio, o Jovem e até mesmo na arqueologia. Nesta época Pompeia continha cerca de 20.000 habitantes segundo censos e relatos contemporâneos. Às 13 horas deste dia surgiram pequenos tremores de terra que não eram fortes o bastante para alertar a população vizinha do vulcão que uma erupção estava prestes a acontecer.

Na verdade, dezessete anos antes da erupção que soterrou Pompeia e Herculano, em 5 de fevereiro de 62 d.C, as atividades deste vulcão começaram a reaparecer. Neste dia houve um abalo sísmico que devastou boa parte da região de Campânia. Segundo estudiosos, como Raffaello Cioni, este movimento já fazia parte da preparação geológica do futuro desastre.

A primeira fase da erupção iniciada no começo da tarde de 24 de agosto de 79 d.C foi relatado como extremamente agressiva e explosiva, com uma coluna de lava sendo jorrada a mais de 20 quilômetros de altura. Muitos moradores de Pompeia tentaram fugir pelo mar, porém um maremoto, formado devido aos abalos sísmicos, atingia o Golfo de Nápoles nesse dia impossibilitando a fuga marítima. A segunda fase da erupção começou cerca de 12 horas depois do início das atividades vulcânicas, e nesta etapa o Vesúvio começou a expelir densas fumaças e poeiras tóxicas, chamado de “fluxo piroclástico”. Este fluxo, que segundo relatos alcançou a cidade de Pompéia no dia seguinte próximo as 7 horas da manhã, foi o principal responsável pela morte por asfixia da população de Pompeia e seu posterior soterramento.

Este acontecimento foi relatado por Plínio, o Jovem (ou “o Moço”), sobrinho neto de Plínio, o Velho. O jovem de 20 anos ficou observando a erupção de Micenos, e não acompanhou seu tio para perto do vulcão para observar este fenômeno. Estes extensos relatos foram enviados para o historiador Tácito, porem as cartas originais foram perdidas com o tempo e refeitas. “Elas foram copiadas, como quase todos os documentos antigos, durante a Idade Média. Datam dessa época as versões mais antigas”, segundo o arqueólogo Pedro Paulo Funari, da Unicamp.

Mesmo assim esses relatos sendo perdidos e reescritos, eles parecem extremamente verossímeis para pesquisadores. O rapaz descreveu em suas correspondências a erupção desta forma: “A nuvem parecia-se muito com um pinheiro porque, depois de elevar-se em forma de um tronco, desabrochava no ar seus ramos. Creio que era arrastada por uma rápida corrente de vento e que, quando esta cedia, a nuvem, vencida por seu próprio peso, dilatava-se e expandia-se, parecendo às vezes branca, às vezes escura ou de diferentes cores, conforme estivesse mais impregnada de terra ou de cinzas. (...) O Vesúvio brilhava com enormes labaredas em muitos pontos e grandes colunas de fogo saíam dele, cuja intensidade fazia mais ostensivas as trevas noturnas. O dia nascia já em outras regiões, mas aqui continuava noite, uma noite fechada, mais tenebrosa que todas as outras; a única exceção era a luz dos relâmpagos e outros fenômenos semelhantes. (...) Podia-se ouvir os soluços das mulheres, o lamento das crianças e os gritos dos homens. Muitos clamavam pela ajuda dos deuses, mas muitos outros imaginavam que não havia mais deuses e que o Universo estava imerso numa eterna escuridão.”.

Além de Pompeia, outras cidades vizinhas do Vesúvio também foram atingidas pela erupção como Herculano, cujo boa parte da população conseguiu fugir, e Oplontis, porém o maior estrago foi feito na primeira.

As condições físicas impostas pelas cinzas quentes nas cidades, fez com que tanto suas estruturas quanto pessoas atingidas tivessem seu formato preservado. Acidentalmente, telhas que mais tarde se descobriria que faziam parte de Pompéa foram encontradas em 1594 em uma escavação para abrir um canal de irrigação. Mas apenas no século XIX, quando as escavações no local passaram a ocorrer de forma permanente, pode-se ter certeza de que ali era Pompéia. Assim, Pompéia é também símbolo do início das pesquisas arqueológicas de escavação no mundo e a partir dessas foi possível conhecê-la, extremamente conservada cerca de 1700 anos depois da tragédia, junto a alguns de seus costumes, disposição das pessoas e de locais.

Dentre as informações colhidas após a escavação está o grande número de Lupanares, como eram conhecidos bordéis, com pinturas eróticas nas paredes, ou a grande quantidade de escrituras em pisos e paredes com escrituras em latim informal. Foram também encontrados e catalogados em Pompeia 1.044 corpos com, ao invés de pele, uma crosta cinza, que se preenchida com gesso é possível fazer uma “escultura” da ultima posição daquelas pessoas.

Hoje, o sítio arqueológico de Pompeia é visitado anualmente por mais de 2 500 000 turistas de todo o mundo para se depararem com essa tragédia do mundo antigo definida pelo poeta romano Martial: “Tudo em volta do Vesúvio está submerso em chamas e cinzas tristes; nem mesmo os deuses acima gostariam de ter tanto poder” (Epigramsa 4.44.7-8).

Fontes:

CARLAN, Cláudio Umpierre. Amor e Sexualidade: o masculino e o feminino em grafites de Pompéia. História,  Franca ,  v. 26, n. 1, p. 197-199,    2007 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742007000100014&lng=en&nrm=iso>. access on  11  Mar.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-90742007000100014.[1]

Raffaello Cioni; Sara Levi; Roberto Sulpizio (2000). "Apulian Bronze Age pottery as a long-distance indicator of the Avellino pumice eruption (Vesuvius, Italy) — Abstract". Special Publications. v. 171. Londres: Geological Society. págs. 159–177.
  





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